A Mediocridade da mesmice


Com aquele seu olhar instigador e profundo atira:

- Estás aborrecida comigo?

- Há algum motivo para estar aborrecida contigo? - ela responde. Por esta altura ele sabe que ela tem uma profunda ligação, até de certa forma cármica com ele. Ele acredita que a domina e controla. Ela responde-lhe diplomaticamente, como sempre, mas entra numa conversa mental que só ela ouve. E na sua mente responde-lhe:

Aborrecida contigo não. Estou chateada, piursa, mas é comigo. Deixei-me levar pelo encanto do teu olhar, pelo teu rosto iluminado, pela tua leveza, alegria e sede de vida, sempre que respiramos o mesmo ar, mas esse homem só existe na minha presença. Eu quero mais! Eu quero um HOMEM a sério. Não quero um homem que se esconde na facilidade da mediocridade da mesmice do seu dia a dia. Um dia, atrás do outro, atrás do outro, atrás do outro. Alguém que se vitimiza e tudo serve de desculpa para viver acomodado, na segurança do conhecido. Alguém que se diz livre, mas morre de medo de voltar a sentir, de voltar a dar-se, de se deixar gravar na pele, no toque, no cheiro, as ganas de viver de coração aberto. Eu quero alguém que ouse lambuzar-se com a vida, que queira o épico, que nos seus 7 minutos depois de morrer o seu cérebro só consiga reviver estas memórias! Se calhar já andas a reviver os teus 7 minutos todos os dias, porque de certa forma já estás morto, só não estás enterrado!


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